Vivian,
Eu não lembro direito quando fomos apresentadas, sei apenas da primeira vez quando realmente a percebi. Foi na praia. Eu tinha ido sozinha e você também; só começamos a conversar porque já tínhamos feito, algumas vezes antes, parte do mesmo grupo e não éramos estranhas uma a outra. Eu nem sequer me lembrava do seu nome, e acho que você também não se lembrava do meu. Naquele instante era o que menos importava, falamos de dança e viagem - a paixão das duas-. Você falava de tantos lugares onde havia morado, e o seu sotaque ia me conquistando. Depois fomos para o mar... A água estava tão gostosa que não queríamos sair de lá. O dia foi virando noite e fomos obrigadas a ir embora. Voltamos pela trilha, eu quase nunca passava por ali, com você ao meu lado, me deu uma sensação grande de paz. Talvez tenha sido essa a primeira vez que algo dentro de mim tenha tocado.
Marcamos de nos encontrar no dia seguinte no mesmo lugar, mas você não apareceu. Andei a praia toda querendo achá-la, em todas as garotas da praia eu a procurava. Eu não entendia o porque daquilo, tudo tão confuso. Não era uma simples amizade florescendo, eu sentia algo maior. E me dava um medo, um estranhamento em mim mesma. Quando percebi estava do outro lado da praia, onde nunca nos encontraríamos. Consegui finalmente levar meus pensamentos para outro lugar, estava bem longe, minha cabeça viajava a quilômetros de distância e eu me sentia leve e completa. E tão angustiada e em pedaços,... O engraçado foi que, sem querer, dei um esbarrão num cara, eu e ele já tínhamos nos cruzado outras vezes, mas só depois me toquei, era seu irmão.
À noite, você foi me visitar no trabalho, mas eu mal pude falar contigo. Havia muita gente, um corre-corre louco. Enfim tive uma folga e conseguimos passar um tempo conversando, só eu e você, a presença de outras pessoas já não era bem aceita, mudamos os lugares aonde normalmente iríamos antes de nos conhecer. Eu não sei mais o que dissemos, e esses dias me parecem nebulosos agora. Lembro haver momentos enormes nos quais ficávamos caladas e meu coração parecia pular pela boca. Era bom sair à noite pelas ruas desertas só com você, eu me sentia segura e ao mesmo tempo eu não entendia bem o que estava acontecendo comigo.
Percebia olhares nos reprovando... Estávamos fazendo alguma coisa errada? No mesmo dia em que não a encontrei na praia, perguntei seu nome a um amigo, ele riu e debochou: “É, ela e a irmã têm algo em comum, embora não se pareçam fisicamente, as duas gostam de mulher". E mais adiante: "Ela já deu em cima de você?" Eu achei aquilo tão absurdo! Nós não poderíamos ser somente amigas? Esta foi a primeira vez na qual percebi alguma coisa fora do meu controle estar acontecendo, sem ter a menor idéia do que fazer, como me portar, sei lá,... Se alguém considerado meu amigo reagiu daquela forma, o que os outros não fariam? E logo naquela cidade onde todo mundo sabe da vida do outro.
Aquela frase: "Ela gosta de mulheres" ficou na minha cabeça. Tinha mais alguma coisa ali, a resposta não era tão simples. Tinha a ver comigo também, com os meus sentimentos. Isso vem me martelando até hoje, cinco meses depois. Eu não sei o que poderia acontecer se tivesse continuado aí. Não era só com você, mas tanto em mim que me permiti o egoísmo de só pensar em mim mesma.
Por esses dias você deve estar indo embora para algum lugar do mundo, não sei se acompanhada ou sozinha. Eu queria tanto poder vê-la mais uma vez, tocar seu rosto, beijar sua boca e ver o dia nascer, o mesmo do nosso último dia juntas, no dia seguinte eu vim embora. Prometi a você voltar, viajaríamos para Londres, ou qualquer outro lugar do mundo, mas eu não pude. Não foi questão de escolha, mas já havíamos falado sobre como o nosso trabalho era importante em nossas vidas. Se você soubesse como isso me dói! Eu queria ao menos uma notícia sua, mas você não tem telefone e eu não tenho seu endereço. Às vezes, quando o telefone toca, eu ainda tenho esperanças de ser você... mas nunca é.
Eu só queria dizer o quanto você significou pra mim, e como eu ainda penso em você e em tudo que houve. Eu não sabia o que estava sentindo naqueles dias em que ficamos juntas... Ah, Vivian! Como eu te amei e como queria ter você de novo.
Não sei ainda as mudanças trazidas por você à minha vida. Logo eu que... Eu sempre me interessei por homens e nunca pensei ter alguma coisa com uma garota... Só agora percebo um pouco de preconceito da minha parte, sempre achei normal alguns amigos serem gays, mas quando foi comigo, eu não sabia o que fazer. Existe alguma coisa a ser feita nesse caso? Quer dizer, será que eu vou me interessar por outras mulheres? Ou só você teve esse dom de me fazer ver além do sexo da pessoa? Como o mundo é hipócrita, e como eu, e todos os outros também o somos em aceitar isso e não fazer nada para modificá-lo. Um brinde à hipocrisia!
Depois de você eu não consegui me interessar mais por ninguém, homens ou mulheres. Acho que, no fundo, espero reencontrá-la e poder viver tudo o que, por um medo meu, não vivemos. Você me aceitou sem nenhuma máscara.
Quem sabe um dia voltemos a nos encontrar em uma de nossas viagens pelo mundo? Que você conheça muitas pessoas interessantes e ame intensamente e incondicionalmente. Gosto dessa palavra “incondicional” referindo-se a amor,... completo, transcendental, límpido, apaixonante, orgiástico e sublime. Não sei se representei algo na sua vida, mas se algum dia lembrar da minha existência, espero ser com carinho, que eu não seja uma qualquer, como você não foi - e não é - pra mim.
Desculpe se é tarde demais, mas eu só queria dizer que amo você. Não sei se incondicionalmente, apenas digo eu a amo sem nenhum acompanhante direto... Agora eu sei o que eu sentia. Eu sempre penso que amar alguém é, se esse alguém pedir para eu largar tudo para viver com ele, eu nem pense duas vezes e solte todas as amarras da minha vida para ir viver com essa pessoa. Você é uma dessas pessoas, que se pedisse para eu ir a qualquer parte do mundo com você, eu iria.
Quer dizer,... em algum momento houve esse pedido? Há uma névoa em tudo que penso a esse respeito. No fundo eu não sei de nada, não penso em nada. Sofro e amo calada. Sempre penso num amigo me perguntando se eu tinha dito que amava o meu ex- namorado que estava indo embora e eu sabia nunca haver feito isso. Eu respondi: “Mas ele sabia”,... “Como você pode ter essa certeza?” – ele falou – “Sabe, às vezes, dizer pra alguém que o ama muda tudo. Para ele ou para você, tanto faz,... sempre alguma coisa se modifica.”
Talvez seja difícil compreender tudo pelo que passamos, porque naqueles momentos eu não pensava, eu só agia conforme meus instintos. Se fosse sempre assim, eu seria muito feliz mas também haveria muita gente me virando a cara. Não é fácil ser livre, deixar o sangue fluir e fazer o que quiser. Mas nos breves momentos em que isso acontece, penso valer a pena viver, pois a qualquer momento pode acontecer de novo esse raro prazer. (...)
Depois de dois anos eu já havia perdido completamente as esperanças, mas voltei onde nos encontramos e qual não foi a surpresa quando a vi. Demorei ainda a falar com você porque meu coração batia tão forte, eu tremia tanto! Não tinha forças para andar até você e dizer: "Oi, lembra de mim?" Mas eu fui, estávamos uma ao lado da outra e não sabíamos o que fazer. Nos abraçamos rapidamente, você me disse o quanto eu estava diferente e que ia embora no dia seguinte. Se você soubesse como rezei para te ver mais uma vez. Não tinha mais nenhum interesse no que tinha ido fazer lá.
No dia seguinte acordei cedo e fui à praia, fiz questão de ir ao mesmo lugar onde ficávamos, esperei esperei esperei e nada, você não veio. Pensava: "Ela vem mais tarde." Foi ficando tarde, uma agonia crescia em mim, medo de nunca mais ver e nem saber mais de você. À noite fui para o lugar em que tínhamos nos encontrado e onde você sabia que poderia me achar, mas o tempo passava e nada. Comecei a ter certeza de sua ida. Doía tanto. O que poderia ser feito? Passava tantas coisas no meu pensamento, parecendo um turbilhão. E nada servia para o real propósito. Senti-me de mãos atadas.
Nesse dia tive uma notícia que me deixou arrasada e você não estava ao meu lado para dividir comigo a minha dor. Só você poderia entender o que se passava comigo. Encontrava-me triste. Aquela cidade não era mais a mesma de dois anos atrás. Já estava cansada, com sono e caminhava pra casa quando resolvi passar pra rever o Santiago. Já estava lá há dois dias e ainda não tinha ido falar com ele. Eu nem me lembrava direito onde ele trabalhava, e nós duas já tínhamos ido lá tantas vezes,... Enfim, cheguei lá, subi aquela escada estreitinha e dei de cara com você.
Havia muita gente do lado, ficamos um pouco sem graça, falamos de assuntos banais. Você me perguntou se eu estava namorando, disse estar difícil arrumar namorado, mas a verdade mesmo não tinha como ser dita naquela hora. Depois falamos do quanto aquele lugar estava estranho, tão diferente de quanto estávamos lá. A energia, o astral, nada era como antes. Ah! Você me compreendia, falávamos a mesma língua, nem era preciso dizer, tudo já estava ali. Fomos pro barzinho do andar debaixo, eu queria ficar só contigo mas o Santiago resolveu ficar lá, caladão, vendo o movimento ao nosso lado, não tinha como nós falarmos abertamente o que queríamos. Contei das fotos que havia tirado suas e você não acreditou em como eu tinha todas elas. Mesmo assim ainda dei meu telefone novo e meu endereço. Continuo sem poder te encontrar. Por que não pedi seu telefone? Tem algumas coisas que não posso me perdoar de não ter feito, e era tão simples! Quando nos despedimos nos abraçamos tão gostoso. Você se lembrou do dia do meu aniversário, da minha história com meu ex-marido, nem me lembrava ter te contado. É, você sabe mais de mim do que eu poderia imaginar. Dois anos não foram suficientes para esquecermos uma da outra. E quantos serão necessários?
No dia seguinte fui à praia com o Santiago e ele me disse: "Pena a Vivian ter ido embora, ela é tão linda!” E eu pensei: “Nem você sabe o quanto eu lamento!"
Fui ver o nascer do sol dessa vez. Não foi tão bonito quanto da outra, senti frio, queria ir embora. Você não estava lá segurando a minha mão, fazendo carinho no meu cabelo. O dia não nasceu tão bonito, parecia triste, precisando dos suspiros dos amantes.
Era preciso que nós duas estivéssemos lá, vendo o mar ao fundo, aquele azul do céu contrastando com o verde da mata e rindo, rindo muito, rindo enlouquecidamente, nos entorpecendo no próprio riso, na gargalhada, na felicidade plena do exato momento em que a noite passa a ser dia,...
Ah, Vivian,... Quem sabe um dia,... Quem sabe,...
Eu não lembro direito quando fomos apresentadas, sei apenas da primeira vez quando realmente a percebi. Foi na praia. Eu tinha ido sozinha e você também; só começamos a conversar porque já tínhamos feito, algumas vezes antes, parte do mesmo grupo e não éramos estranhas uma a outra. Eu nem sequer me lembrava do seu nome, e acho que você também não se lembrava do meu. Naquele instante era o que menos importava, falamos de dança e viagem - a paixão das duas-. Você falava de tantos lugares onde havia morado, e o seu sotaque ia me conquistando. Depois fomos para o mar... A água estava tão gostosa que não queríamos sair de lá. O dia foi virando noite e fomos obrigadas a ir embora. Voltamos pela trilha, eu quase nunca passava por ali, com você ao meu lado, me deu uma sensação grande de paz. Talvez tenha sido essa a primeira vez que algo dentro de mim tenha tocado.
Marcamos de nos encontrar no dia seguinte no mesmo lugar, mas você não apareceu. Andei a praia toda querendo achá-la, em todas as garotas da praia eu a procurava. Eu não entendia o porque daquilo, tudo tão confuso. Não era uma simples amizade florescendo, eu sentia algo maior. E me dava um medo, um estranhamento em mim mesma. Quando percebi estava do outro lado da praia, onde nunca nos encontraríamos. Consegui finalmente levar meus pensamentos para outro lugar, estava bem longe, minha cabeça viajava a quilômetros de distância e eu me sentia leve e completa. E tão angustiada e em pedaços,... O engraçado foi que, sem querer, dei um esbarrão num cara, eu e ele já tínhamos nos cruzado outras vezes, mas só depois me toquei, era seu irmão.
À noite, você foi me visitar no trabalho, mas eu mal pude falar contigo. Havia muita gente, um corre-corre louco. Enfim tive uma folga e conseguimos passar um tempo conversando, só eu e você, a presença de outras pessoas já não era bem aceita, mudamos os lugares aonde normalmente iríamos antes de nos conhecer. Eu não sei mais o que dissemos, e esses dias me parecem nebulosos agora. Lembro haver momentos enormes nos quais ficávamos caladas e meu coração parecia pular pela boca. Era bom sair à noite pelas ruas desertas só com você, eu me sentia segura e ao mesmo tempo eu não entendia bem o que estava acontecendo comigo.
Percebia olhares nos reprovando... Estávamos fazendo alguma coisa errada? No mesmo dia em que não a encontrei na praia, perguntei seu nome a um amigo, ele riu e debochou: “É, ela e a irmã têm algo em comum, embora não se pareçam fisicamente, as duas gostam de mulher". E mais adiante: "Ela já deu em cima de você?" Eu achei aquilo tão absurdo! Nós não poderíamos ser somente amigas? Esta foi a primeira vez na qual percebi alguma coisa fora do meu controle estar acontecendo, sem ter a menor idéia do que fazer, como me portar, sei lá,... Se alguém considerado meu amigo reagiu daquela forma, o que os outros não fariam? E logo naquela cidade onde todo mundo sabe da vida do outro.
Aquela frase: "Ela gosta de mulheres" ficou na minha cabeça. Tinha mais alguma coisa ali, a resposta não era tão simples. Tinha a ver comigo também, com os meus sentimentos. Isso vem me martelando até hoje, cinco meses depois. Eu não sei o que poderia acontecer se tivesse continuado aí. Não era só com você, mas tanto em mim que me permiti o egoísmo de só pensar em mim mesma.
Por esses dias você deve estar indo embora para algum lugar do mundo, não sei se acompanhada ou sozinha. Eu queria tanto poder vê-la mais uma vez, tocar seu rosto, beijar sua boca e ver o dia nascer, o mesmo do nosso último dia juntas, no dia seguinte eu vim embora. Prometi a você voltar, viajaríamos para Londres, ou qualquer outro lugar do mundo, mas eu não pude. Não foi questão de escolha, mas já havíamos falado sobre como o nosso trabalho era importante em nossas vidas. Se você soubesse como isso me dói! Eu queria ao menos uma notícia sua, mas você não tem telefone e eu não tenho seu endereço. Às vezes, quando o telefone toca, eu ainda tenho esperanças de ser você... mas nunca é.
Eu só queria dizer o quanto você significou pra mim, e como eu ainda penso em você e em tudo que houve. Eu não sabia o que estava sentindo naqueles dias em que ficamos juntas... Ah, Vivian! Como eu te amei e como queria ter você de novo.
Não sei ainda as mudanças trazidas por você à minha vida. Logo eu que... Eu sempre me interessei por homens e nunca pensei ter alguma coisa com uma garota... Só agora percebo um pouco de preconceito da minha parte, sempre achei normal alguns amigos serem gays, mas quando foi comigo, eu não sabia o que fazer. Existe alguma coisa a ser feita nesse caso? Quer dizer, será que eu vou me interessar por outras mulheres? Ou só você teve esse dom de me fazer ver além do sexo da pessoa? Como o mundo é hipócrita, e como eu, e todos os outros também o somos em aceitar isso e não fazer nada para modificá-lo. Um brinde à hipocrisia!
Depois de você eu não consegui me interessar mais por ninguém, homens ou mulheres. Acho que, no fundo, espero reencontrá-la e poder viver tudo o que, por um medo meu, não vivemos. Você me aceitou sem nenhuma máscara.
Quem sabe um dia voltemos a nos encontrar em uma de nossas viagens pelo mundo? Que você conheça muitas pessoas interessantes e ame intensamente e incondicionalmente. Gosto dessa palavra “incondicional” referindo-se a amor,... completo, transcendental, límpido, apaixonante, orgiástico e sublime. Não sei se representei algo na sua vida, mas se algum dia lembrar da minha existência, espero ser com carinho, que eu não seja uma qualquer, como você não foi - e não é - pra mim.
Desculpe se é tarde demais, mas eu só queria dizer que amo você. Não sei se incondicionalmente, apenas digo eu a amo sem nenhum acompanhante direto... Agora eu sei o que eu sentia. Eu sempre penso que amar alguém é, se esse alguém pedir para eu largar tudo para viver com ele, eu nem pense duas vezes e solte todas as amarras da minha vida para ir viver com essa pessoa. Você é uma dessas pessoas, que se pedisse para eu ir a qualquer parte do mundo com você, eu iria.
Quer dizer,... em algum momento houve esse pedido? Há uma névoa em tudo que penso a esse respeito. No fundo eu não sei de nada, não penso em nada. Sofro e amo calada. Sempre penso num amigo me perguntando se eu tinha dito que amava o meu ex- namorado que estava indo embora e eu sabia nunca haver feito isso. Eu respondi: “Mas ele sabia”,... “Como você pode ter essa certeza?” – ele falou – “Sabe, às vezes, dizer pra alguém que o ama muda tudo. Para ele ou para você, tanto faz,... sempre alguma coisa se modifica.”
Talvez seja difícil compreender tudo pelo que passamos, porque naqueles momentos eu não pensava, eu só agia conforme meus instintos. Se fosse sempre assim, eu seria muito feliz mas também haveria muita gente me virando a cara. Não é fácil ser livre, deixar o sangue fluir e fazer o que quiser. Mas nos breves momentos em que isso acontece, penso valer a pena viver, pois a qualquer momento pode acontecer de novo esse raro prazer. (...)
Depois de dois anos eu já havia perdido completamente as esperanças, mas voltei onde nos encontramos e qual não foi a surpresa quando a vi. Demorei ainda a falar com você porque meu coração batia tão forte, eu tremia tanto! Não tinha forças para andar até você e dizer: "Oi, lembra de mim?" Mas eu fui, estávamos uma ao lado da outra e não sabíamos o que fazer. Nos abraçamos rapidamente, você me disse o quanto eu estava diferente e que ia embora no dia seguinte. Se você soubesse como rezei para te ver mais uma vez. Não tinha mais nenhum interesse no que tinha ido fazer lá.
No dia seguinte acordei cedo e fui à praia, fiz questão de ir ao mesmo lugar onde ficávamos, esperei esperei esperei e nada, você não veio. Pensava: "Ela vem mais tarde." Foi ficando tarde, uma agonia crescia em mim, medo de nunca mais ver e nem saber mais de você. À noite fui para o lugar em que tínhamos nos encontrado e onde você sabia que poderia me achar, mas o tempo passava e nada. Comecei a ter certeza de sua ida. Doía tanto. O que poderia ser feito? Passava tantas coisas no meu pensamento, parecendo um turbilhão. E nada servia para o real propósito. Senti-me de mãos atadas.
Nesse dia tive uma notícia que me deixou arrasada e você não estava ao meu lado para dividir comigo a minha dor. Só você poderia entender o que se passava comigo. Encontrava-me triste. Aquela cidade não era mais a mesma de dois anos atrás. Já estava cansada, com sono e caminhava pra casa quando resolvi passar pra rever o Santiago. Já estava lá há dois dias e ainda não tinha ido falar com ele. Eu nem me lembrava direito onde ele trabalhava, e nós duas já tínhamos ido lá tantas vezes,... Enfim, cheguei lá, subi aquela escada estreitinha e dei de cara com você.
Havia muita gente do lado, ficamos um pouco sem graça, falamos de assuntos banais. Você me perguntou se eu estava namorando, disse estar difícil arrumar namorado, mas a verdade mesmo não tinha como ser dita naquela hora. Depois falamos do quanto aquele lugar estava estranho, tão diferente de quanto estávamos lá. A energia, o astral, nada era como antes. Ah! Você me compreendia, falávamos a mesma língua, nem era preciso dizer, tudo já estava ali. Fomos pro barzinho do andar debaixo, eu queria ficar só contigo mas o Santiago resolveu ficar lá, caladão, vendo o movimento ao nosso lado, não tinha como nós falarmos abertamente o que queríamos. Contei das fotos que havia tirado suas e você não acreditou em como eu tinha todas elas. Mesmo assim ainda dei meu telefone novo e meu endereço. Continuo sem poder te encontrar. Por que não pedi seu telefone? Tem algumas coisas que não posso me perdoar de não ter feito, e era tão simples! Quando nos despedimos nos abraçamos tão gostoso. Você se lembrou do dia do meu aniversário, da minha história com meu ex-marido, nem me lembrava ter te contado. É, você sabe mais de mim do que eu poderia imaginar. Dois anos não foram suficientes para esquecermos uma da outra. E quantos serão necessários?
No dia seguinte fui à praia com o Santiago e ele me disse: "Pena a Vivian ter ido embora, ela é tão linda!” E eu pensei: “Nem você sabe o quanto eu lamento!"
Fui ver o nascer do sol dessa vez. Não foi tão bonito quanto da outra, senti frio, queria ir embora. Você não estava lá segurando a minha mão, fazendo carinho no meu cabelo. O dia não nasceu tão bonito, parecia triste, precisando dos suspiros dos amantes.
Era preciso que nós duas estivéssemos lá, vendo o mar ao fundo, aquele azul do céu contrastando com o verde da mata e rindo, rindo muito, rindo enlouquecidamente, nos entorpecendo no próprio riso, na gargalhada, na felicidade plena do exato momento em que a noite passa a ser dia,...
Ah, Vivian,... Quem sabe um dia,... Quem sabe,...
Um comentário:
Passei para desejar-lhe um bom final de 2007 e um bom ano de 2008.
Aproveito para LHE pedir que participe na blogagem colectiva que se realiza amanhã, dia 17, em prol da menina Flávia
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