Era uma terça feira de setembro e já passava do meio-dia quando Carmine acordou. Ficou um tempo deitada, pensando em tudo o que acontecera nos últimos meses. Ainda não sabia se era bom estar viva, mas sentia-se aliviada. Vestiu um camisão branco e andou até a varanda de onde ficou vendo o mar batendo. O vento começou a ficar mais forte, era tão bom sentir aquele vento no rosto. Quando percebeu já estava com os dedos roxos. Resolveu entrar. Ao fechar a porta de vidro da varanda viu aquelas marcas em seus pulsos, embora já estivessem cicatrizadas, por dentro doía tanto, tanto. Chorava sem querer, sem ao menos se dar conta, as lágrimas eram tão presentes em sua vida que já não eram mais estranhas, já não faziam mal algum, não mais sufocavam o sofrimento e nem o libertava. Tão diferente estava. Como de uma hora para outra mudou tudo?
Lucio.
Esse nome ainda brotava em sua mente, mas parecia distante, longe,... e na verdade estava perto, estava dentro dela. Ainda ainda ainda.
Derramou gim num copo, bebeu dois goles, foi até o armário, pegou uma tesoura e encaminhou-se para o banheiro. Calmamente começou a cortar seu cabelo. Parou, olhou-se no espelho, acendeu um cigarro, pegou um jornal e deitou-se no sofá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário